terça-feira, 13 de setembro de 2011

Cria cuervos


Eu sei , eu sei que eu prometi que o proximo post ia ser sobre "When you´re strange , o documentario sobre a banda The Doors , dirigido por Tom Dicillo . Mas houve uma mudança inesperada de planos: Meu professor pediu que fizéssemos uma crítica sobre "Cria Cuervos" do diretor Carlos Saura como parte dos nossos estudos sobre Cinema Espanhol. Abaixo segue a crítica.


Cria cuervos é um filme espanhol de 1976 dirigido por Carlos Saura. O filme conta a historia de Ana que aos nove anos lida muito prematuramente com a morte de seus pais. Já adulta ela relembra a infância com melancolia e com a com a certeza que a morte é uma constante em sua vida.
Cria cuervos do diretor espanhol Carlos Saura é um belíssimo filme que trabalha a temática da morte através da perspectiva de uma criança Ana (Ana Torrent) que após perder aos pais em um curto espaço de tempo passa a morar junto as suas irmãs Irene (Conchita Peréz) e maite (Mayte Sanchez). Elas passam a morar na companhia de uma tia extremamente ligada aos valores morais e rígidos, Paulina (Mónica rendall), uma avó muda e imóvel (Josefina Diaz) e da fiel empregada da família Rosa (Florinda Chico).
A maneira com a qual Carlos Saura trabalha a questão da morte neste filme é no mínimo interessante. Ao focar a historia em Ana (Ana Torrent), Saura trabalha a perda da inocência e a capacidade de perceber as coisas de uma maneira singular que as crianças possuem.
Um grande acerto de Saura é fazer com que a narrativa aconteça com foco na narrativa de Ana (Ana torrent). Desta maneira ela vai percebendo a fragilidade daquela instituição chamada família, que antes parecia perfeita.
O uso do som no filme é extremamente importante, pois estão diretamente ligadas as emoções da protagonista, desta maneira dando direção e sentido a historia.
Constituído principalmente de flashbacks das lembranças de Ana com a mãe (geraldine Chaplin) em conversas um tanto filosóficas, essas seqüências são carregadas de fatores sobrenaturais. Geraldine alias, interpreta duas personagens : A mãe de Ana e Ana quando adulta.
Os flashbacks às vezes se misturam a narrativa do “tempo presente” até alcançar o clímax. Assim Saura se utiliza da montagem paralela, como forma de contar a historia.
O filme inicia-se de uma maneira interessante e um pelicular: Ana “conta” sua vida através de um prólogo constituído de fotografias, o que eu acredito que tenha sido uma alternativa bastante inovadora para época.
Um detalhe curioso é que Carlos Saura escolheu narrar a historia com foco em Ana (Ana Torrent), a irmã do meio não a mais velha, Maite (Mayte Sanchez). Seria uma justificativa de como foi Ana que presenciou a morte da mãe, essa experiência a tornou mais madura. Afirmando embora nas entrelinhas que são as experiências vivenciadas por uma pessoa ao longo da vida que a fazer ser madura ou não. Deixando claro que idade e maturidade nem sempre caminham juntas.
Ainda em relação à morte dos pais de Ana, a morte do pai Anselmo (Hector alterio) ela não é mostrada, neste caso o diretor utiliza-se de uma elipse de conteúdo, com o objetivo de evitar repetições já que a morte da mãe de Ana já foi mostrada (em cenas bastante fortes, diga-se de passagem). Após a cena da morte da mãe de Ana é dado um “salto” no tempo e mostra Ana e suas irmãs já sobre a custodia da tia Paulina (Monica Randall). Neste momento o diretor utiliza-se do outro tipo de elipses, a elipse de tempo, com o objetivo de ocultar ações sem importância para o desenvolvimento da narrativa.
Enfim, Cria cuervos é um filme que permite reflexão e discussões infinitas. O filme possui muitas metáforas e toda uma relação com a temática da morte muito bem trabalhada.

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