domingo, 22 de julho de 2012

On The Road


Após anos de tentativas, On The Road, a obra-simbolo de Jack Kerouac finalmente chega à tela grande, primando pela falta de linearidade, assim como a obra na qual se baseia.

O Jovem escritor Sal Paradise (Sam Riley), almeja escrever seu primeiro livro. Após a morte de seu pai, Sal conhece Dean Moriarty (Garrett Hedlund), um jovem com espírito transgressor e avesso as regras impostas pela sociedade, com quem embarca em uma viagem pela costa dos Estados Unidos em busca de liberdade e autoconhecimento, contando ainda com Marylou (Kristen Stewart), a libertária esposa de Dean. Juntos, os três embarcam em uma viagem marcada pela busca incessante pela liberdade, álcool, drogas, jazz e sexo.

Francis Ford Copolla possuía os direitos da obra- prima de Jack Kerouac para o cinema desde 1957. Porém não encontrava ninguém capaz de transformar a obra símbolo da geração Beat em um filme a altura do livro. Copolla então ao assistir o Road-movie diários de motocicleta dirigido por Walter Salles (que tem grandes experiências em filmes deste gênero), convidou-o para dirigir On The Road.

Walter Salles imprimiu ao filme uma direção livre e orgânica, optando por utilizar a câmera panorâmica e a stedy cam, colocando assim o espectador dentro da ação, além de conferir agilidade e uma sensação de frenesi as sequências.

A montagem paralela permitiu que o diretor trabalhasse a individualidade dos personagens (especialmente Sal e Dean (Garrett Hedlund). A montagem também favoreceu a questão do tempo de ação dramática.

Como o filme foi gravado na estrada, quase sem locações internas era necessário que Walter Salles imprimisse nas cenas uma marca que lhes fosse única. É ai que entra a fotografia. Éric Gautier utilizou um granulado forte e marcante nas cenas diurnas (especialmente durante a viagem dos protagonistas) e uma luminosidade natural e contida nas cenas noturnas. Tudo na medida certa e sem exageros.
O roteiro de José Rivera foi fiel à obra de Jack Kerouac o Maximo possível, fazendo apenas modificações própias do estilo cinematográfico. Diálogos e situações retiradas do livro ganharam maior embalsamento dramático. José Rivera foi habilidoso ao tornar os personagens do romance criveis e reais, dando-lhes vida. Um detalhe que poderia ter atrapalhado Rivera (alias, tanto ele quanto Salles) foi a questão cronológica, mas Rivera tirou isso de letra fazendo o espectador ter a noção exata do tempo de ação dramática.

Um elemento essencial tanto no livro quanto é a figura do narrador. É ele que nos a da a dimensão exata das experiências vividas pelos protagonistas.Assim como no livro, este posto pertence a Sal Paradise (Sam Riley). É a sua narração (em over) , marcante que transporta o espectador para aquele universo. Mérito do ator e da direção.
O elenco, aliás, estão todos devidamente afinados em suas interpretações. Mais do que isso , as interpretações transbordam vigor e talento.
 Ousadia e vigor é o que não faltou ao trio protagonista, Sal Paradise (Sam Riley), Dean Moriarty (Garrett Hedlund) e Marylou (Kristen Stewart). Garrett e Kristen dão aos seus personagens a excitação, a visceralidade e o vigor necessários. Sam Riley (Sal Paradise) oscila a sua interpretação entre a excitação já citada e a Introspecção necessaria ao seu personagem.

Tom Sturridge (Carlo Marx) e Viggo Mortensen (Old Bull Lee) são outros personagens que ganham o merecido destaque no enredo , dada a importância de seus personagens para a obra na qual se baseia o filme.
Tom Sturridge tem grande importância na trama, sobretudo no primeiro e segundo atos. Tom dá a Carlo a força e o frenesi dramático esperados e surpreende com a sua atuação ousada e segura. Poderia dizer que Carlo Marx é o contraponto entre Sal Paradise (Sam Riley) e Dean Moriarty (Garrett Hedlund). Já Old Bull Lee (Viggo Mortensen) é a perfeita personificação daqueles personagens da estrada, viajantes e Viggo dá a Old Bull Lee exatamente esta conotação.

Walter Salles construiu um filme a altura da obra de Kerouac e não é pra menos. On the Road é esteticamente perfeito com uma direção ousada e provocadora e com um elenco escolhido a dedo (com direito a gratas surpresas como Kristen Stewart, que nem de longe lembra a doce Bella Swan de “Crepúsculo”) e também um filme onde todos os elementos estão em sincronia.


Ps: Esta crítica é dedicada a Mayra Dias Gomes, não só pela influencia (mesmo que indireta) que contribuiu para a leitura do romance que deu origem ao filme, pois sem a leitura do livro, eu certamente não teria assistido ao filme. Mas principalmente pela imensa amizade que considero impossível traduzir em palavras, o meu eterno agradecimento.






 



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quarta-feira, 4 de julho de 2012

Empire Records


Jovens de personalidades diferentes em busca de seus sonhos que amam música e com um objetivo em comum: salvar a loja onde trabalham Empire Records da falência. A tabua de salvação da loja parece ser a presença do cantor pop Rex Maning para uma tarde de autógrafos de seu novo álbum. Porém o que era para ser uma simples tarde de autógrafos se transforma a medida de que os sonhos dos jovens vendedores são revelados.



Partindo de uma premissa simples, porém interessante, Empire Records utiliza-se de uma formula que estava em alta nos anos 90: filmes que envolvem jovens com bandas ou tem a musica como elemento primordial. E Empire Records não foge a regra apoiando-se na trilha sonora, em citações musicais, metalinguagem, além do já citado elenco jovem.



Como o enredo do filme se desenvolve quase que unicamente em um único cenário (a loja que da nome ao filme) O diretor Allan Moyle optou por destacar os plots presentes no cenário da loja, para isso Moyle Fez uso dos planos descritivos para evidenciar os diversos momentos. Uso de closes, planos médios e plano-detalhe. A sucessão rápida de planos aliado aos elementos citados acima constituem o ritmo frenético do filme.






Quanto à montagem, Empire Records utiliza a montagem-linear (e em alguns momentos a montagem paralela). Outro elemento a se destacar na montagem é o fato de inserir o vídeo clipe na narrativa. A música sem dúvida é um elemento-chave em Empire Records.



A câmera panorâmica e plongee se fazem presentes na maneira de Moyle dirigir seu filme, em todos os momentos.



O roteiro de Carol Heikkinen foi constituído de tal forma de que todo o elenco tiveram o merecido destaque na narrativa. Carol também foi hábil ao inserir menções e referencias musicais no roteiro. Inclusive ao vídeo clipe da musica Crazy da banda Aerosmith.

 
Como foi dito todo o elenco se destacou, mas o elenco jovem se sobressaiu (talvez pelo fato da historia em parte se centralizar neles). Nomes como Liv Tyler , Johnny Whitworth , Ethan Embry e Renée Zellweger. Do elenco também destacam-se Anthony LaPaglia como o gerente Joe e Coyote Shivers como o músico Berko, especialmente em uma das cenas finais onde coyote canta sua musica sugarhigh juntamente com os personagens de Renée Zellweger (Gina) e Johnny Whitworth (A.J).
A trilha sonora é excelente, contendo musicas clássicas (destaca-se Sugarhigh- Coyote Shivers).



Concluindo , Empire records é um filme encantador e de grande valor fílmico. A exemplo de Cry-baby, “Empire” não foi um absoluto sucesso a época de sua estreia. Porém com o tempo seu valor foi reconhecido e reverenciado. Acredito que o filme merece uma continuação e não existe momento mais oportuno do que esse. Agora é torcer e esperar pra que Empire Records 2 venha logo.

Quase Famosos


Imagine um garoto de 15 anos apaixonado por musica, especialmente rock (quase todos nessa idade) que é convidado pela maior revista musical do mundo, a Rolling Stone a acompanhar a turnê de uma banda e publicar o resultado dessa experiência nas paginas da revista.

Um sonho não? É sim, mas isto realmente aconteceu com Cameron Crowe, que na adolescência acompanhou a turnê da banda Led Zeppelin. E Crowe resolveu ser generoso com ávidos fãs de rock e compartilhar um pouco desses momentos conosco em “Quase Famosos”

Quase famosos conta a historia do jovem William Miller (Patrick Fugit), alter-ego de Crowe, que as 15 anos é convidado a acompanhar a banda stillwater em turnê e escrever para a revista sobre a banda.

Ao aceitar o convite da revista William recebe dois preciosos conselhos do crítico musical Lester Bangs (Philip Seymour Hoffman).  1) jamais se torne amigo de rockstars 2)seja honesto e inclemente.

Contudo william contraria parte destes conselhos se tornar amigo de Russel Hammond ( Billy Crudup ), o guitarrista dos stillwater com quem disputa a atenção e o amor da groupie Penny Lane (Kate Hudson ). Este será sem duvida , um periodo de amadurecimento para william.

Cameron crowe conferiu ao seu filme dinamismo e agilidade ,condizentes com a vida na estrada, para isso utilizou sucessão rápida de planos a exaustão. Crowe também utiliza a montagem paralela e a sobreposição de cenas, principalmente nas cenas em que William conversa com a mãe Elaine Miller (Frances McDormand).

Priorizando o elenco e o roteiro potente que possui , crowe centraliza seu filme principalmente no forte enredo e nos poderosos personagens,utilindo-se de planos descritivos. Ainda sim a câmera panorâmica aparece com frequência , como não poderia deixar de ser se tratando de um “Road Movie”.

Cameron Crowe mergulhou tão fundo em suas memórias da adolescência para construir o roteiro que é carregado de emoção e realismo, ao o contrario dos filmes do gênero que são repletos de clichês. Não é a toa que “Quase Famosos” rendeu a Crowe o Oscar de melhor roteiro original, além do BAFTA na mesma categoria em 2001.

Vale ressaltar a maneira com que Crowe fez a transição de tempo no filme. Após sair de casa para fugir da mãe repressora, Anita Miller (Zooey Deschanel) lhe dá outro precioso conselho “olhe embaixo da cama, vai te libertar”. Lá william (aos 11 anos , interpretado por Michael Angarano) descobre os Lp´s de clássicos do rock  que sua Irmã lhe deixou de lembrança ao colocar um dos vinis na vitrola para tocar,ocorre a mudança de atores ao som da trilha sonora e William passa a ser interpretado por Patrick Fugit). A mais inteligente e original mudança de atores que eu já vi.

O elenco conta com talentosos atores para dar vida a estes poderosos personagens. A começar por Patrick Fugit (William) que transita entre o jovem sonhador e o garoto determinado a completar a sua missão: conseguir a tão almejada entrevista com a banda stillwater. Patrick também foi hábil em ressaltar em sua interpretação o amadurecimento de William enquanto ele está acompanhando a banda em turnê.

Kate Hudson e Billy Crudup se destacam ao interpretar a groupie (ou como ela prefere “ajudantes de banda”), Penny Lane. Billy Crudup por sua vez, interpreta magnificamente Russel Hammond, o talentoso guitarrista dos stilwater que constrói uma sincera amizade com William ao mesmo tempo em que é seu rival na disputa pelo coração de Penny Lane. O triangulo amoroso William-Penny-Russel é um dos pontos altos do filme.

    

      Frances McDormand e Philip Seymour Hoffman também se destacam ao interpretar Elaine Miller e Lester Bangs, respectivamente. Frances alterna sua interpretação entre aquela mãe superprotetora e aquela que sente que perdeu seus filhos para o mundo a contragosto.

Philip Seymour Hoffman se destaca toda a vez que aparece em cena, com sua interpretação potente e certeira, um talento.

Elemento fundamental em Quase Famosos, a trilha sonora é sensacional, pois além de resgatar clássicos do rock, ainda possui ótimas canções originais que fazem parte do repertorio da banda Stillwater. Algumas escritas por Crowe e Nancy Wilson da banda Heart.

Concluo dizendo que Cameron Crowe realizou em Quase Famosos, a sua obra-prima. Aquele filme com o qual sempre será lembrado e reverenciado. Sem duvida um filme eterno.