quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Tropa de Elite 2 : O Inimigo Agora é Outro


Filme evoluiu em comparação ao primeiro filme tanto na proposta, narrativa quanto na construção dos personagens.





Em Tropa de Elite 2, a dedicação extrema do capitão nascimento (agora coronel) ao trabalho tem seus bônus e ônus. O bônus é que graças a uma operação malsucedida aos olhos da sociedade, mas bem sucedida aos olhos do governo. Tal fato lhe garante o cargo de subsecretário de segurança o que o coloca em posição melhor para defender o que acredita, mas lhe custa à relação com Mathias (André Ramiro) e principalmente a relação com a ex-mulher Rosane (Maria Ribeiro) e o filho adolescente Rafael (Pedro Van Held). O fato é que Rosane agora está casada com Fraga (Irandhir Santos), o antagonista de Nascimento tanto na vida pessoal quanto profissional.


Tropa de Elite 2 não é apenas uma simples continuação com a intenção de explorar um filão de destaque no cinema nacional. Pelo contrário. É uma evolução ao primeiro filme, tanto na proposta e temas abordados quanto na construção dos personagens. ( o que talvez tenha faltado ao primeiro filme).


É interessante observar alguns aspectos ali presentes. A questão do tempo na narrativa, à agilidade e a dilatação do mesmo (quando necessário). De fato tropa de elite é um filme ágil tal como foi o primeiro. A diferença aqui é que há uma maior preocupação com os diálogos e a humanização dos personagens (mérito dos roteiristas José Padilha e Bráulio Mantovani). A opção pela montagem paralela que percorre todo o filme com ênfase nas cenas de Fraga (Irandhir Santos) e Nascimento (Wagner Moura) reforça o antagonismo ideológico, mais do que pessoal presente entre eles.


A fotografia de Lula carvalho reforça o contraste entre a milícia e o lado honesto da policia representado por Nascimento (Wagner Moura). Se de um lado há um interessante jogo de luzes e sombras de outro há uma clareza visual representando Nascimento.


Colocar o filme sobre a perspectiva de nascimento conferindo a ele a figura do narrador contribuiu para humanizar o personagem de modo que entendemos suas razões por ele expor seus pensamentos.


  Aliás um dos principais motivos que tornou o personagem mais humano nessa sequência é o fato de que agora coronel Nascimento é pai. A relação atribulada que possui com o filho Rafael (Pedro Van Held). Dois personagens explosivos (cada um a sua maneira) que encontram na luta um elo em comum, uma forma de comunicação. A propósito a cena em que pai e filho lutam juntos expondo o amor e suas fragilidades já vale o ingresso tamanha emoção e verdade cênica transmitida pelos dois atores. É neste momento que Nascimento se permite sair da “casca” que se formou em torno dele mesmo e se expor sem armaduras. A química entre Wagner Moura e Pedro Van Held transcende a tela de modo que não é exagero apontar o jovem ator como a revelação do longa.



Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora é Outro evoluiu consideravelmente em relação ao primeiro filme. Não se tratando de uma simples sequencia feita por motivos comerciais. Pelo contrario é uma sequencia que tem razão de existir pela amplitude de temas que apresenta em seu enredo. É uma outra vertente desse tema tão rico, além do filme apresentar uma constante evolução no que diz respeito à estética, narrativa e construção de personagens. É um filme de contrastes temáticos e de extremo cuidado técnico e artístico. Só uma palavra pode exprimir o que “Tropa 2” representa: Perfeição.   



Nenhum comentário:

Postar um comentário