sábado, 19 de janeiro de 2013

Django Livre




Em 1958, dois anos antes da guerra civil, Dr. King Schultz (Christoph Waltz), um caçador de recompensas, está em busca da sua missão quando a vista um transporte de escravos e se interessa pelo escravo Django (Jamie Foxx).  Dr. Schultz faz de Django seu parceiro na caça as recompensas.

 A “recompensa” no caso é a captura mortos ou vivos dos irmãos Speack, Ace (James Remar) e Dicky (James Russo). Porém, Django tem um objetivo maior: Libertar a esposa Broomhilda (Kerry Washington), escrava que foi vendida ao rico mercador Calvin Candie(Leonardo Dicaprio). Então, Django e Dr. Schultz, vão ao encontro de Calvin em sua fazenda no Mississipi, disfarçados de mercadores de escravos para libertar Bhoomhilda.

O diretor Quentin Tarantino é conhecido por suas narrativas não lineares e em “Django” ele não foge a regra. O filme se inicia com um prólogo, dois anos antes da guerra civil, com Dr. Schultz (Christoph Waltz) Libertando Django (Jamie Foxx). 

Os flashbacks e Flashforwards, aliás, são um constante em “Django Livre”. Assim como as elipses e cortes secos que são utilizados como um “Truque Narrativo” de modo que algumas cenas são uma demonstração de um evento futuro.

Tarantino investe nos planos abertos e descritivos de forma a explorar o universo estético que construiu em “Django Livre”. Alternando a mudança rápida de planos com cenas um pouco mais longas auxiliadas pelo corte seco antes de atingir seu clímax.

As narrativas de Tarantino não são lineares de modo que seu roteiro há uma desconstrução constante do tempo fílmico, fazendo uso das elipses e dos flashbacks, mantendo assim um certo suspense dramático ate que a trama atinja seu ápice.


A fotografia é peça-chave do filme, constituída de cores vivas combinando com o universo dramático, principalmente no que se trata da construção plástica dos flashbacks do protagonista Django (Jamie Foxx)


A trilha sonora como é comum nos filmes de Tarantino tem uma veia pop. O blues e a musica lírica predominam, porque constituem a grandiosidade dramática dos protagonistas ao longo da sua jornada. Mas o western de Tarantino é democrático: vai do blues e da musica lírica ao rap num estalar de dedos.

O elenco estelar de Tarantino possui performances memoráveis, todos os atores sem exceção se “entregam” a historia, interpretando seus respectivos personagens com exatidão.

Jamie Foxx (Django) e Christoph Waltz (Dr. Schultz) merecem as honrarias pelo entrosamento dramático que imprimem na relação entre seus personagens.

 O mesmo vale para Leonardo DiCaprio (Calvin Candie) e Samuel L. Jackson (Stephen) o capataz de confiança de Candie. Os atores demonstram habilidade ao construir a relação ambígua entre seus personagens.

Estreando no gênero Western, Tarantino faz uso de suas influencias cinematográficas para realizar este tributo à sétima arte.  Porém, Tarantino vai além. Utiliza suas influencias a seu modo, incorporando-as a o seu estilo. Assim, o diretor inova ao realizar uma homenagem ao gênero faroeste do seu jeito, deixando a sua marca.





terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Tropicália




O documentário Tropicália de Marcelo Machado sobre o movimento tropicalista no Brasil e sua difusão no mundo é puramente nostálgico.

Nostálgico no sentido do longa ser pautado nas ricas imagens de arquivo e nos depoimentos para formar um panorama de que foi este movimento de inovação artística e estética dos anos 60 que mais tarde faria frente à ditadura militar vigente na época.

O tropicalismo foi um movimento de inovação musical que dialogou com as demais artes: O cinema engajado de Glauber Rocha e o teatro experimental de Zé Celso Martinez Correa.

Desse modo, Glauber e Zé Celso ocupam um espaço importante no documentário para a devida contextualização da época ao espectador. O mesmo ocorre com o músico Rogério Duarte e com o maestro Rogério Duprat.

O documentário é fundamentado essencialmente na figura de Gilberto Gil e Caetano Veloso- os principais expoentes do movimento e também seus fundadores. Desse modo que eles guiam o filme.

A agilidade presente no longa, combinando muito bem com a efervescência cultural do movimento é resultado da câmera nervosa do diretor Marcelo Machado o que garante as sequencia um ritmo de frenesi.

Ao abordar os depoimentos, Machado prioriza o entrevistado de modo que ele protagonize aquele momento. Sendo assim, o diretor diminui o frenesi presente nas demais sequências, focalizando única e exclusivamente o entrevistado.

A fotografia de Eduardo Piagge merece destaque especialmente devido ao tratamento e reconstituição das imagens presentes no longa.

O tropicalismo eclodiu para todos os lados. Sendo assim, o movimento foi ganhando novos adeptos como Tom Zé, Os Mutantes, Gal Costa entre outros.

 O movimento teve seu ápice no festival internacional da canção (um dos melhores do longa, especialmente devido a performance excepcional e graciosa de Rita Lee). Ali, o tropicalismo deixaria sua marca na historia da musica brasileira.


O resultado do documentário é o de um registro fiel e esclarecedor, sem, entretanto se tornar didático, histórico sem se tornar antigo. Afinal, o tropicalismo deixou frutos que perduram até hoje e que fazem dele um movimento eterno na historia cultural do país.  







sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

As Vantagens de ser invisível





Charlie (Logan Lerman) é um garoto tímido e introvertido que está desesperado por ter que começar o ensino médio (o que significa trocar de escola). Charlie tem como único “amigo”, um diário no qual desabafa seus problemas. Na escola nova, Charlie chama a atenção do professor de inglês Mr. Anderson (Paul Rudd) que observando a inteligência do garoto e sua timidez, lhe encoraja a ser mais participativo e se torna uma espécie de conselheiro para o garoto.

Charlie logo faz amizade com os irmãos Sam (Emma Watson) e Patrick (Ezra Miller) que fazem parte de um grupo de “deslocados populares”. Juntos eles apresentam a Charlie um mundo novo de descobertas, algumas dolorosas outras nem tanto.


Stephen Chbosky foi o responsável pela transposição do romance de sua autoria para as telas. Chbosky dirigiu e escreveu o roteiro baseando-se no seu livro.


O diretor optou por fazer de “As Vantagens de Ser Invisível” um filme “psicológico”. Psicológico no sentido de que o controle narrativo está na mente do protagonista Charlie (Logan Lerman).


O diretor Stephen Chbosky imprimiu ao seu filme um modo de dirigir “inventivo”.  Com planos curtos, justaposição de cenas, elipses e flashbacks cheios de ritmo.


Stephen centraliza o seu roteiro no protagonista Charlie (Logan Lerman) e seus amigos Sam (Emma Watson) e Patrick (Ezra Miller). Além disso, o roteiro explora bem a relação do protagonista com seu professor Mr. Anderson (Paul Rudd) de maneira gradual, porém definitiva na vida de ambos.


O elenco é pequeno, e justamente por isso, Chbosky pode trabalhar as nuances de seus personagens. Garantindo momentos de destaque para todos.

Dentre eles não poderia deixar de citar Logan Lerman (Charlie), Emma Watson (Sam) e Ezra Miller (Patrick).


Logan se saiu bem interpretando o adolescente, porém, a estatura do jovem é de alguém que já passou da fase dos 15 anos (o ator tem 20 anos). Contudo, a atuação segura e convenente de Logan, torna isso quase imperceptível.


Emma Watson (Sam) e Ezra Miller (Patrick) tiveram dois dos papéis mais difíceis. Emma teve que demonstrar a evolução da sua personagem de maneira involuntária e a Ezra coube um desafio: construir uma interpretação com base nas entrelinhas e o ator se saiu muito bem nesse quesito.


Paul Rudd (Mr. Anderson) também se destaca pela interpretação afinada e pela relação que constrói em cena com o personagem de Logan Lerman (Charlie).


Dylan McDermott que interpreta o pai de Charlie não tem um maior destaque na narrativa. É uma pena, pois Dylan é um excelente ator e seria ótimo vê-lo com mais destaque, entretanto, o ator tem presença marcante em todas as cenas em que aparece.


A trilha sonora vai do Folk ao rock, combinando assim com o clima nostálgico do enredo e “embalando” as tramas dos personagens.



Stephen Chbosky foi bem sucedido ao representar o ideal de juventude que queria. Foi ousado na medida certa ao contar uma estória coesa e com atores que defendem muito bem seus personagens.


Se uma das intenções de Stephen Chbosky era deixar os espectadores com ânsia de irem atrás do seu livro (mesmo que involuntariamente), ele conseguiu, pois eu quero conhecer mais desses personagens.