segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

As Sessões





Mark O´Brien (John Hawkes) convive com as limitações impostas pela poliomielite desde os seis anos. Com dificuldades físicas e principalmente respiratórias. Vive praticamente ligado a um aparelho de respiração mecânica 24 horas por dia ou então a um respirador portátil, o que lhe garante uma sobrevida.
Mark é um poeta brilhante, porém aos 38 anos existe ainda um campo a ser explorado: o sexo. Mark é virgem, mas com a ajuda da terapeuta sexual Cheryl (Helen Hunt), Mark vai conhecendo o corpo feminino, enquanto redescobre o seu próprio.


Inspirado em um uma história real, “As Sessões” trata de temas ainda considerados tabu na sociedade moderna infelizmente: O sexo e as diferenças humanas.

“As Sessões” é um filme meramente simples dos pontos de vista técnico e narrativo. E ai está o ponto forte do filme.

Após um breve prólogo muito bem executado, o filme se converte basicamente nas lembranças do personagem principal, de modo que há a partir desse momento a intersecção de “presente passado”, sem, entretanto confundir o espectador.

Dono de uma direção intimista, Ben Lewin mantêm seus atores em perspectiva, apostando em planos mais fechados e closes. Principalmente do protagonista Mark (John Hawkes) já que ele é o narrador da trama.

Apesar de ser basicamente apoiado em flashbacks, “As Sessões” também tem momentos no “tempo presente” para que o Mark (John Hawkes) recorda-se de suas sessões com Cheryl (Helen Hunt). Também para que o diretor possa trabalhar os demais plots, usando sempre agilidade na troca de planos.

Por falar em narração, o tipo de narrador utilizado é “Over”. Assim “evocando” o pensamento do protagonista Mark O´Brien (John Hawkes).

A fotografia tem um papel sutil, mas essencialmente de transição no filme. À noite , quando Mark se encontra sozinho em seu aparelho mecânico, a fotografia faz mais uso de sombras, resaltando a solidão do personagem. De dia, a fotografia adquire um aspecto mais solar e convidativo, justamente quando Mark redescobre a vida.

O roteiro de “As Sessões” foi construído de maneira simples e sutil. Focado principalmente na construção de personagens e na trajetória deles. O diretor e roteirista Ben Lewin deu contornos muito humanos a todos os personagens, até os coadjuvantes. Dessa maneira todos os personagens tem seu devido espaço na narrativa.

O elenco é relativamente pequeno, o que garante a todos os atores o seu devido espaço e momento de destaque no filme.

John Hawkes interpreta Mark O´Brien com uma atuação intimista e mais cerebral. O que de fato é esperado, já que Mark é paralisado fisicamente enquanto seu cérebro funciona a mil por hora. John atua com desenvoltura e soube conferir ao personagem trejeitos perfeitos, bem como demonstrar sua evolução gradual.

Helen Hunt garante um humanismo interessante a sua personagem, a terapeuta sexual de Mark Cheryl. Interessante observar a química cênica que ela e John Hawkes apresentam quando juntos.

Porém, a personagem é quase que inexistente em momentos “solo”. Não por falta de talento da atriz Helen Hunt, mas por falta de storyline mesmo. Por este motivo acho equivocada a indicação de Hunt a melhor atriz no Oscar 2013.

William H. Macy interpreta o Padre Brendon amigo e confidente de Mark com desenvoltura e afinco. É no mínimo engraçada a evolução do personagem. Como na cena em que aparece na casa de Mark (John Hawkes) com visual de motoqueiro e com caixas de cerveja a tiracolo. Um dos melhores momentos do longa.

  Moon Bloodgood que interpreta Vera, a principal enfermeira de Mark é um talento a parte no longa. É uma pena que atriz não ganhe mais destaque. O pequeno destaque que lhe foi dado, ela executou com afinco. É de lamentar que uma personagem boa com uma premissa de storyline interessante foi usada apenas para “encher linguiça”.


Se a intenção de Ben Lewin foi realizar um filme despretensioso, afirmo que ele cumpriu seu objetivo. É justamente nessa “despretensão” que o filme mais ganhe pontos com espectador, tornando-se agradável. Embora, o filme poderia render muito mais do que rende, mas ainda assim é uma experiência satisfatória.


    


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