quinta-feira, 14 de março de 2013

Kill Bill Vol 1



Quentin Tarantino faz parte de um grupo de diretores que teve a sua formação no cinema na “raça” e com base intelectual inteiramente no home vídeo. Para tanto, é natural que carregado dessas inúmeras referências fílmicas Tarantino faça um tributo á esses gêneros em seus filmes. Como no caso de Kill Bill onde faz um tributo (ainda que a sua maneira) aos filmes de artes marciais japoneses.

 Construído em uma narrativa não linear, Kill Bill nos apresenta á “Noiva” (Uma Thurman).  Grávida é noiva é vitima de uma tentativa de homicídio pelo grupo do esquadrão assassino de víboras mortais do qual ela fazia parte. Após ficar quatro anos em coma à noiva vai em busca da sua vingança.

O diretor imprimiu ao filme uma direção coreografada, com planos longos, intersecções e sobreposições de planos.
Com flashbacks bem construídos e cortes secos permeados pelo empolgante jogo de câmera imprimido pelo diretor, que investe em planos mais fechados de modo a construir uma tensão dramática no filme.

Fazendo uso inteligente das elipses e dos flashbacks, Tarantino coloca o espectador a par das motivações da motivações da noiva para realizar a sua vingança. Ao mesmo tempo confere uma agilidade narrativa em contraponto os planos de longa duração.
Além da violência exacerbada característica de seus filmes, Tarantino inseriu em “Kill Bll” um intercambio de mídias ao inserir flashbacks no estilo anime. contribuindo assim, para criar um universo estético estilizado condizente com a narrativa proposta pelo filme.
Auxiliado pela montagem competente, o diretor imprime ao filme uma força visual intensa, com flashbacks muito bem posicionados de forma a criar um horizonte de expectativas no espectador.


O roteiro de Tarantino é contado de forma não linear como eu já disse. O diretor investiu na ação e na atuação performática de seus atores nas cenas em detrimento do dialogo. Construindo cenas intensas de ação com flashbacks momentâneos o roteiro prima pela desconstrução do padrão narrativo usual ao “contar” o enredo do filme fora de ordem cronológica.

A fotografia de Robert Richardson é marcada pelo abuso de cor ou pela ausência dela. Ao apostar em cores quentes e vivas para as cenas de luta e flashbacks da noiva (Uma Thurman). Há dois flashbacks em especial que é feito em preto e branco (o prólogo inicial e nas cenas em anime que explicam a origem de O-Ren Ishii).

Ao dar a Noiva (Uma Thurman) à função de narradora, com uma interessante narração em “Off”. Permitindo assim a possibilidade do espectador compreender as motivações de vingança da noiva.

Ao fazer uso da música anti-diegética (fora do universo fílmico), apropriando-se de outras trilhas sonoras, o diretor faz um tributo sétima arte.

O elenco é extenso, mas Tarantino fez questão de dar ao seu elenco uma importante função narrativa, por menor que seja sua participação.
Uma Thurman interpreta a “Noiva” com desenvoltura e segurança cênica em uma personagem especialmente criada pra ela. Os méritos da atriz em cena são inúmeros, mas o maior deles é Uma ter humanizado a personagem de modo que o espectador torce para que a “Noiva” termine a sua vingança.


Vivica A. Fox (Vernita Green) e O-Ren Ishii (Lucy Liu), as oponentes da noiva nessa primeira parte interpretam suas personagens de forma impressionante resaltando em seus olhares e movimentos cênicos a falta de humanidade de suas personagens.
Chiaki Kuriyama (Go-Go Yubari) surge de forma surpreendente na tela ao encenar com afinco o braço-direito de O-Ren ishii (Lucy Liu). A atriz protagoniza uma das melhores e mais bem coreografadas cenas do longa.

“Kill Bill” já mostra a nessa primeira parte a que veio. Com inúmeras referências o longa escapa de ser uma “colcha de retalhos” e se torna um filme com visão autoral de Tarantino sobre esse gênero cinematográfico.
Além de confirmar Tarantino como um excelente diretor de atores, o filme acaba resultando no melhor exemplo do universo autoral e estilizado do seu diretor.  



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