domingo, 23 de junho de 2013

Magnólia



Em Los Angeles vivem um guru sexual Frank Mackey (Tom Cruise), um apresentador de TV Jim (John C. Reily), uma dependente química Cláudia (Melora Walters) e um ex-astro mirim prodígio Kid Donnie Smith (William H Macy). O que essas pessoas têm em comum? Aparentemente nada. Porém suas histórias se desenrolam em meio a uma trama que enfoca a fragmentação das relações familiares e a sociedade do espetáculo.

Magnólia é a primeira vista um filme estranho. Mas realmente essa impressão logo se desfaz quando nos deparamos com a grandiosidade narrativa desse filme magnânimo de Paul Thomas Anderson.

Iniciado com um prólogo sem sentido nenhum a primeira vista. Magnólia nos apresenta a esses personagens de forma ágil reproduzindo quase um efeito clipado. Não se engane os longos takes característicos do diretor estão presentes, porém combinados com um corte estilizado que acaba por “abortar” a ação dramática por alguns instantes.

Com uma direção coreografada, Anderson trabalha os longos takes realizando intersecções e mantendo a câmera sempre próxima do ator colocando-o em perspectiva.
O fato de realizar planos mais fechados permite ao diretor captar a emoção do ator de maneira genuína com mais naturalidade além de imprimir uma tensão dramática eminente utilizando elipses para manter um suspense narrativo enquanto aquele determinado plot fica em “stand by”.

O uso de uma agilidade de planos de maneira sutil em contraponto aos takes de longa duração em que Paul Thomas trabalha a intensidade dramática daquele plot acaba por realizar cortes estilizados para que ocorra saltos na ação dramática de maneira ao espectador acompanharem outro plot de maneira surpreendente o que acaba por induz um suspense á narrativa até que o ponto em que as histórias possam convergir seja alcançado.

A música tem uma  importante função importante na ação dramática. Ela serve para oprimir a própria ação em muitos momentos a própria ação. Além de contextualizar a intensidade das emoções que cercam os personagens.

O principal ápice de Magnólia diz respeito ao seu roteiro habilidoso que é desfragmentado a todo o momento. A maneira que Paul Thomas Anderson trabalha os personagens dando-lhe tintas e cores bem definidas é de se admirar. Mais ainda, a forma com que Thomas converge esses plots desfragmentados- tão desfragmentados quanto às frágeis relações familiares que o filme retrata-e talvez isso seja uma síntese do tema família tão freqüente nos filmes de Anderson e que aqui aparece na forma de desequilíbrio da relação familiar.

A relação familiar que aqui aparece de forma fragmentada, corrompida traduz em uma análise intima das relações humanas é um tema que ocupa o eixo central do filme e promove uma reflexão a respeito das relações familiares atuais e do significado de família.

O outro tema abordado nas entrelinhas em “Magnólia” é a expansão frenética da sociedade do espetáculo, do preço da fama e das conseqüências da fama precoce bem como os efeitos dela no ceio familiar. Esta metáfora é representada por um grupo de personagens como Frank Mackey (Tom Cruise) o guru sexual. A necessidade incessante que o personagem tem de ser aplaudido, adorado representa sua frágil relação familiar e falta de afeto.

Por outro lado, temos um quiz show no estilo de “Você é Mais Esperto que um Aluno da Quinta Série“. Esse plot demonstra o peso da indústria artística tem sobre a vida dessas crianças que ao entrar nesse mundo de maneira precoce acabam por sofrer demasiada pressão o que nessa idade pode ser fatal para o seu desenvolvimento. Nesse sentido - O filme “conversa” muito com o longa anterior de Anderson “Boogie Nights” numa crítica a indústria da fama.  Podemos observar no personagem de Donnie Smith (William H. Macy) o ex- astro mirim como perder o reconhecimento prematuro do dia pra noite pode ser prejudicial para o seu desenvolvimento. “Podemos observar ainda na figura de Jimmy Gator (Phillip Baker Hall) como ele se encontra exaurido e consumido após tantos anos no Show Business”.

Dessa maneira, a escolha da cidade de Los Angeles para sediar a história tem razão de ser. Afinal é onde fica Hollywood o centro da indústria do espetáculo.


Os atores estão afinados e muito bem em seus papeis sabendo carregar a responsabilidade de seus plots, seu eixo dramático. Tom Cruise atua de forma espetacular ao literalmente incorporar o guru sexual Frank Mackey. Cruise incorpora todos os trejeitos expansivos e o vigor sexual que o personagem pede. Porém, o ator não consegue transmitir emoção mais genuína quando se trata de cenas sutis. Estranho o que leva a questionar se Cruise é apenas um ator de blockbusters e franquias de ação. Não deveria ser afinal ele já emocionou em filmes como “Jerry Maguire” e “Vanilla Sky”. Então o que aconteceu com o ator nesse filme.

Melora Walters (Claudia) é uma atriz que ciente da intensidade dramática que sua personagem carrega a construí de forma destrutiva, dependente e sempre com as emoções cambaleante s. Walthers não é só uma simples atriz, é um furação em cena. Ela arrebenta.

Phillip Seymour Hoffman tem uma das principais atuações de destaque do longa como o enfermeiro Phill. Seu personagem cresce consideravelmente conforme as tramas vão convergindo. Possibilitando ao ator mostrar todo o seu talento. O “parceiro de cena” de Hoffman Jason Robards (Earl) é um caso atípico a ser destacado. Robards consegue transmitir emoção muitas vezes sem falar nenhuma palavra - visto que seu personagem é um doente terminal é surpreendente. A conexão afetiva que o ator estabelece em cena com Phillip Seymour Hoffman é digna de aplausos. Certamente uma boa despedida para Jason Robards que faleceu pouco depois do fim das filmagens.

“Magnólia” é mais que um filme sobre família ou a falta dela. Representa o ápice de Paul Thomas Anderson como roteirista e diretor até então. Anderson promove reflexão e encantamento com essa brilhante obra que ganha na desconstrução do eixo comum.








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