sexta-feira, 4 de outubro de 2013

A Caça



Thomas Vinterberg é um diretor afoito a temas densos como o abuso e as relações familiares temas já vistos em seu longa mais famoso "Festa de Família". Agora, Vinterberg retorna a essa temática de uma outra maneira.



Lucas(Mads Mikkelsen, ótimo) um professor recém divorciado tenta retomar as rédeas da vida e estabelecer uma reaproximação com o filho Marcus(Lasse Fogelstrom,igualmente ótimo.) trabalhando em uma escola infantil ele tem uma relação de carinho com as crianças até que uma acusação de abuso transforma sua vida em um inferno.



O diretor Thomas Vinterberg estrutura a narrativa em bases solidas e fortes ressaltando o teor sombrio que a permeia. apostando muito na dinâmica ator-texto Vinterberg extrai de seus atores performances viscerais utilizando uma câmera na Mao que adentra ou melhor alastra o filme desbravando-o. O uso constante do corte seco dilacera o horizonte de expectativas do expectador envolto naquele universo repleto de densidade e tensão dramática em nível Maximo. O jogo de câmera constante que aliado a câmera na Mao deixa a imagem obviamente tremida ressaltando o aspecto perturbador da narrativa. O fato dos movimentos de câmera meramente descritivos- Álias, muito bem executados por Thomas Vinterberg com toda a capacidade técnica que lhe cabe- a câmera aqui parece ter sempre a intenção de revelar algo , rondando sempre a espreita do inevitável. 

Com a câmera sempre em movimento, mesmo nos momentos em que está focada em algo,ela nunca está estática sempre em movimento,nem que seja mínimo. depois que a acusação de abuso é formalizada a direção acompanha a virada do roteiro  e passa a apostar em cortes ainda mais abruptos abusando ainda mais do corte seco e das elipses. A densidade já está embutida e ela decorre em níveis ora brandos e ora asfixiantes.



O roteiro tem uma forte estrutura com excelentes curvas dramáticas. O roteiro evolui numa crescente com poderoso teor psicológico e pontos de virada surpreendentes. O elemento surpresa sem dúvida é um fator determinante em "A Caça" a maneira com que Vintenberg constrói as relações entre os personagens só pra depois coloca-los em posição eminente e desconstruí-los é fascinante. Seu conhecimento sobre a carpintaria dramática é admirável sobretudo a maneira com que expõe seus  personagens em situaçoes-limite e aparentemente irreversíveis e o uso de metáforas


Agora, o mais tecnicamente impressionante em "A Caça" é a sua belíssima  fotografia. É onde os preceitos do Dogma 95 ficam mais evidentes. A iluminação natural e o contraluz funcionam perfeitamente estética e plasticamente. De certa maneira a fotografia funciona como um reflexo da intensa dramaticidade do longa.




O resultado de "A Caça" é um filme de altíssimo nível e de densidade extrema. Thomas Vinterberg nos entrega um filme de extremos. Intenso,forte e de enorme tensão dramática, Vinterberg experimenta outros caminhos para desvendar a psicologia humana.
 É impossível afirmar que este "A Caça" é ou não superior ao longa mais famoso do diretor "Festa de Família" por se tratar de temas similares mas o fato é que Thomas Vintenberg evolui na forma e na temática nos entregando um filme com características próprias mas igualmente perturbador.






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