quarta-feira, 2 de outubro de 2013

O Bandido da Luz Vermelha




Em seu primeiro filme, “O Bandido da Luz Vermelha” Rogério Sganzela já deixava claro a sua adoração pela arte cinematográfica.

Contando a história do Bandido(Paulo Vilaça) um criminoso de incrível destreza que trava um verdadeiro jogo de gato e rato com a policia provocando medo e admiração na população da boca do lixo paulistana.



Com uma narrativa ágil e frenética o diretor construiu uma obra ao mesmo tempo autoral e referencial ao mesmo tempo. Com influencias dos gêneros policial e Noir, Sganzerla produziu um filme que representava a sua leitura desses gêneros combinando agilidade a uma estética propositalmente suja e utilizando-se de um anarquismo e uma acidez na construção dos diálogos e das situações. Ao construir as situações em que o Bandido se envolvia o diretor não temeu exagerar na dose adicionando comédia pastelão, humor negro, sensacionalismo barato e situações non-sense pois ao descaracterizar totalmente o gênero Sganzerla deu uma nova costura e garantiu sua marca própria ao seu filme.

O sensacionalismo barato citado acima é mais uma das brincadeiras de gênero que o diretor propôs no seu longa. Ao adicionar uma narração própria dos programas policiais o diretor promove um resgate do gênero aqui utilizado de forma cômica e satírica desconstruindo-o ao optar pelo exagero proposital e  um sotaque carregado dos narradores com muito humor-intencional diga-se de passagem- o diretor consegue que a narração atinja dois objetivos distintos: imprima uma espécie de frenesi ao longa e carregue o nível de humor satirizando os próprios signos da sétima arte.

O longa é essencialmente o intenso jogo de gato e rato que decorre entre o bandido o diretor imprimiu um dinamismo impressionante nas sequencias além de uma boa dose de humor escachado é claro, isso contribui para manter o espectador ligado no enredo durante sua uma hora e meia de duração.



A grande diferença está na forma que Sganzerla trabalha esses clichês convertendo-os ao seu tributo de forma pessoal estilística e principalmente autoral.
Munido desse arsenal de referências Sganzerla prestou tributos ,citações e fez críticas acidas(sempre de forma satirizada é claro) ao cinema novo e a estilização das artes como um todo.

Quantos aos tributos inseridos aqui de forma muito inteligente diga-se de passagem,

pode-se notar claramente referências ao “Acossado” de Jean-Luc Godard e a “Psicose” de Alfred Hitchcock. Ao primeiro pode se perceber tanto pela estética e plástica de ambos os filmes,os trejeitos dos protagonistas e algumas cenas similares. Do segundo a referência é clara quando o Bandido(Paulo Vilaça) literalmente faz uma vitima em baixo do chuveiro,tal qual a famosa cena do longa do diretor inglês.



O diretor adotou um modo de direção ágil e com muito frenesi, com cortes secos e sobreposições além de jogos de câmera habilidosos e movimentos de câmera descritivos mantendo o nível de suspense combinado com o frenesi e a agilidade latente.



O resultado de “ O Bandido da Luz Vermelha” é um filme divertido, estilístico ,pessoal e com ótimas sacadas. Não importa o que você faz mas sim a maneira como você faz diferente.
 



    

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