segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Enter the Void


Oscar(Nathaniel Brown) vive em Tóquio com sua irmã Linda(Paz de La Huerta). Oscar é um traficante de pequeno porte e Linda é Stripper no clube local, mas um acontecimento põe suas vidas em perspectiva.


Quando eu achava que o cineasta Gaspar Noé não poderia mais me surpreender assisto esse “Enter the Void” que não é simplesmente um filme mas sim uma experiência lisérgica e onírica.


Elevando seu estilo a outro nível fílmico “Enter The Void” é uma obra com inúmeras possibilidades de interpretação. Metalinguística e com forte apelo visual que aqui atingem o seu ápice da carreira de Gaspar Noé.

A metalinguagem aqui exposta na forma do personagem em seu auto-filmar com uma câmera na mão proporciona uma imagem tremida , orgânica a ação onírica e surrealista que o filme proporciona aos seus espectadores uma viagem atmosférica de sonho e lisérgica.  As sobreposições de cenas favorecem a percepção de outro estado de consciência seja pelo uso de drogas ou pelo emocional dos personagens. O fato da câmera de Noé estar sempre em movimento e desbravando os ambientes adentrando-os e também pelo uso de planos gerais que proporcionam uma visão panorâmica da ação vista de cima. Essa tal “visão panorâmica” permite que o diretor adentre outras realidades e espaços fílmicos que se fundem a ação dramática funcionando como objeto de transição de planos muito semelhante ao recurso utilizado no longa “Estrada Perdida” de David Lynch.

Gaspar Noé adentra outros universos fílmicos através de closes promovendo a fusão entre esses dois universos para a criação de um terceiro.  Assim, ele convida o telespectador embarcar nessa viagem com múltiplos significados tendo como pano de fundo a sexualidade tema próprio do seu estilo.  Através de um trabalho minicioso de montagem e roteiro Gaspar Noé converte seu filme em uma sucessão de aparentes flashbacks que se fundem com o tempo corrente do filme. aparente porque se tratando de um filme como esse o espectador perde a noção do que é real e do que é irreal e ai está a grande graça do filme é o espectador construir uma linha de raciocínio através daquelas imagens para o diretor desconstruí-las e fazer seu pensamento virar pó.




Noé investe mais fortemente no poder visual do filme do que nos diálogos . as cenas tem por si só uma grande carga dramática embutida. Noé sabe a força que as cenas tem por isso investe no universo onírico do sonho de uma realidade paralela durante grande parte do filme. O elemento onírico do filme está estritamente ligado ao visual ou seja, a iluminação que aposta em cores quentes e vivas além de expor um fotograma intenso e “a meia luz” como uma lâmpada prestes a se romper. As imagens e o aspecto visual ocupam grande espaço fílmico pois o diretor Gaspar Noé acredita que nem tudo precisa ser explicado e nem tudo tem uma explicação aparente. As imagens colocam o espectador em estado de inércia, vidrado no poder da imagem e deixa o espectador sem a capacidade de esboçar reação. Quaisquer que seja ela.



Gaspar Noé extrapola todos os seus limites, subverte símbolos e formulas além dos próprios elementos do cinema. Tudo isso para deixar o seguinte recado: ” Nem tudo na vida tem a necessidade de ser explicado,as vezes as coisas ultrapassam a explicação. Não importa o que você ouve mas o que você sente. 








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