sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Os Idiotas



Anárquico talvez seja a melhor definição para “Os Idiotas” de Lars Von Trier longa feito seguindo os preceitos do Dogma 95.

Um grupo formando uma sociedade a margem da sociedade com o intuito de chocar,escandalizar aqueles que vivem em um nível acima. Assim essas pessoas libertam “o seu idiota interior”. Se pensarmos bem o filme é em suma uma grande e perturbadora  crítica a os padrões estabelecidos pela sociedade. Perturbador pelo fato da mise -en- scene(os protagonistas fingem ter doença mental) fato reforçado pela câmera na mão de Von Trier que reforça o aspecto perturbador e de deslocamento social em que vivem os protagonistas.


O diretor não tem medo de chocar e usa o poder das imagens para reforçar essa premissa. Escatológico, sexual, libertino são muitas as definições que podem se aplicar ao filme mas no meio de toda essa anarquia encontramos um subtexto de um estado elevado de consciência que cerca os protagonistas.

Mas o apuro técnico subverte (ao mesmo tempo que reforça) todo o teor anárquico do longa. A câmera na mão confere um ar tremido a ação dramática e coloca o espectador dentro da ação em uma clara posição de desconforto. A luz natural confere um aspecto mais purista as imagens.

  O diretor flerta com outras estéticas fílmicas em “Os Idiotas” como o documentário adotando um tom confessional em certos momentos da narrativa. Von Trier rompe com os signos e estruturas do cinema a todo o momento durante o filme assim como com o próprio entendimento do espectador sobre o que está sendo visto.


Ao romper com o curso narrativo em movimento de maneira abrupta o diretor o fragmenta e abre espaço para outras interpretações contidas nas entrelinhas sobre a real face dos idiotas por exemplo, o que nos leva a um jogo interessante de descodificar a mise –en –scene e a atuação performática dos atores. “O personagem dentro do personagem”. É um questionamento complexo e talvez não atinja o espectador de massa mas faz todo o sentido.


É inevitável relacionar o grupo social dos idiotas com a “Sociedade dos Poetas Mortos” do filme homônimo. Sim, eu tenho quase certeza que Lars Von Trier bebeu nessa fonte pelas semelhanças em gênese que os dois filmes apresentam.



“Os Idiotas” é um filme perturbador sobre as diferenças que faz uma crítica (ainda que satírica) aos padrões de aceitação impostos pela sociedade.   



Um comentário: