sábado, 25 de janeiro de 2014

O Lobo de Wall Street





A ambição é algo necessário na vida, especialmente na profissional e ela está presente no mundo dos negócios com toda a força. Esse é o tema de “O Lobo de Wall Street” nova parceria entre o diretor Martin Scorsese e o ator Leonardo DiCaprio.

Jordan(Leonardo DiCaprio) vê sua carreira emergir das cinzas  após encontrar seu lugar no mercado de pequenas ações financeiras. Entretanto o marcado de ações é incerto e mesmo após Jordan ter tido uma má experiência em seu  ultimo emprego, ele absorve o estilo de vida extravagante de seu ex-patrão Mark Hanna(Matthew Mcconaughey)  , o que lhe trará conseqüências.

Em primeiro lugar, Martin Scorsese é um gênio das câmeras. Dito isso, vocês já devem imaginar o trabalho primoroso que o cineasta executou em “O Lobo de Wall Steet”. Captando a áurea corporativista com sua câmera ágil. Scorsese trabalha os planos com uma destreza notável, destacando seu elenco através de habilidosos planos de conjunto como movimento de câmera circulares que destacam seu numeroso elenco e imprimindo assim o ritmo frenético provenientes das corporações. É bem verdade que o diretor mantêm sua narrativa em constante fluxo com uma seqüência rápida de planos( não sem antes explorar todas as possibilidades narrativas daquela determinada cena).

A partir do segundo ato, a direção de Scorsese assume um tom frenético, com uma estética aproximada ao dinamismo dos videoclipes somada a uma boa dose de comédia escachada porém inteligente.

O diretor conduz muito bem as cenas com uma veia mais cômica- isso quando o roteiro de Terence Winter lhe permite antes de desaguar para a mais exagerada comédia pastelão, prejudicando não só o trabalho de Scorsese á frente da direção mas também o desfecho do longa.

Terence Winter demonstra uma destreza ao arquitetar a estrutura do seu roteiro e a construção dos personagens mas perde completamente o sentido da narrativa ao optar pelo caminho mais fácil: A comédia pastelão. A partir daí a trama degringola de tal maneira que nem a direção excepcional de Scorsese é capaz de salvar o barco afundado(Literalmente).

Leonardo DiCaprio rouba a cena como o protagonista Jordan. DiCaprio dotado de um extremo individualismo, presença cênica e principalmente humor. Ele é um ator completo , sem medo de passar pelo ridículo das  situações vergonhosas que o roteiro de Winter o obriga a interpretar a partir do terceiro ato. Ao contrário do que possa imaginar , o ator lida com esse obstáculo com maestria e de forma suprema(muito embora, o telespectador não deixe de ser torturado ao presenciar os caminhos que o filme toma no terceiro-e derradeiro ato.

Mesmo DiCaprio tendo o maior destaque, Scorsese é um diretor que valoriza seus atores ao garantir destaques pontuais de extrema importância para o desenrolar do filme. É o caso de Matthew McConaughey(Mark Hanna), o responsável por induzir Jordan(DiCaprio) ao estilo de vida extravagante do mercado financeiro. McConaughey tem uma ótima dobradinha com DiCaprio e é dono de um humor acido. Uma pena que seu personagem saia tão cedo de cena pois McConaughey poderia render muito mais ao longa.

Jonah Hill também se destaca(esse por mais tempo e também fazendo uma ótima parceria com DiCaprio e pela maneira natural com que faz comédia. Não é pra menos que o humor do filme paira sobre o seu personagem.


O Lobo de Wall Street” começa como mais um trabalho excepcional com a grife “Martin Scorsese” aliando o entretenimento a reflexão. Mas o que começa excelente se transforma em um pesadelo torturante do qual nem atores talentosíssimos nem Scorsese do alto da sua competência e talento conseguiu salvar do naufrágio.




domingo, 12 de janeiro de 2014

Lenine- Isso é só O Começo




 Lenine é um artista plural. Poético , lírico e inquieto, o pernambucano está em um patamar artístico inclassificável tamanha é originalidade de sua obra. É essa originalidade e este ser único que o documentário “Lenine- Isso é só O Começo" retrata com extrema grandeza e fidelidade.


Dirigido por Bruno Levinson e ancorado pelo próprio Lenine que percorre uma viagem ao seu inicio e ao começar na vida artística e sua postura como homem e cidadão. Mas o documentário não fica refém dessa estrutura. Como seu protagonista o filme revela uma abrangência pois ao mesmo tempo que remonta a figura artística do cantor é um material precioso pela forma pulsante que as coisas estão ali colocadas.


Lenine nos oferece seu ser desbravador, assim como sua obra. Ele está lá inteiro , de corpo presente no filme dando-nos uma pequena amostra de seu lirismo e poesia impar. Poética e lírica aliás que são colocadas em sua obra como uma força da natureza. Abstrata mas muito palpável a alma.

O documentário foge de todos os padrões possíveis- não poderia ser diferente se tratando de Lenine. Com uma poética e energia pulsantes o filme se estabelece como esteio para o cantor desaguar seu experimentalismo poético abstrato seja por si próprio remontando e recordando sua carreira , seja seu “Eu” Homem tão presente na vida artística e vice versa, sendo impossível dissasociar suas “Personas” está tudo interligado e refletido.

Embora essencialmente autoral e puramente único(Pois a força lírica e performática que expressa é só dele) Lenine também é um artista propicio a encontros artísticos- e por que não dizer também espirituais já que como combustão explode artisticamente e cria verdadeiras obras primas mantendo-se sempre em ritmo de criação constante e aonde tudo(e todos) pode sinalizar o próximo passo. Nesse quesito destacam-se álbuns como “Baque Novo” e “Olho de Peixe”.


Destacando-se pela sua amplitude e abrangência( o que é de se elogiar dado ao formato um pouco restrito da faixa “BIS Docs” do canal BIS onde o documentário foi exibido) O Diretor Bruno Levinson dispõe desse espaço á Lenine ao mesmo tempo que subverte o formato convertendo a poesia lúdica e inebriante do cantor servindo como um palco pra onde Lenine pode transportar sua magia transformadora em forma de canção.







segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Live Forever: The Rise and the Fall of Brit Pop



Eu sou muito fã do Oasis em especial de Liam Gallagher. Mas apesar de considerar o Oasis não só uma grande banda, mas também a última banda de rock genuína em muito tempo (posto que a meu ver só seria desbancado pela Beady Eye (a banda liderada por Liam Gallagher após a dissolução do Oasis) Eu nunca havia relacionado à sua musica a fatores sócio-culturais até assistir o documentário “Live Forever: The Rise and the Fall of Brit pop dirigido por John Dower.

O filme remonta o surgimento do que convencionou a chamar de “ BritPop”. Através de um excelente material de arquivo, entrevistas e, sobretudo munido de elementos visuais e sonoros impactantes o documentário reconstrói o surgimento desse movimento pelo nome de duas bandas- Oasis e Blur que se colocaram em lados sociais opostos do ressurgimento da música britânica após o apogeu do grunge nos EUA.

O documentário reafirma essa rivalidade social que havia na música das duas bandas. O Oasis representava a classe trabalhadora e o Blur a burguesia. Mas por debaixo dos  panos havia uma mudança política acorrendo com a saída de Margareth Thatcher o que significava uma mudança e a musica dessas duas bandas representou para as suas respectivas classes a esperança do novo.

O Oasis talvez tenha uma amplitude e aceitação maior porque surgiu em um momento  caótico para a musica mundial após o suicídio de Kurt Cobain e a carência de um novo ídolo genuíno e não pré-fabricado como  o blur era- e ainda é.

O documentário evidencia de forma ágil ou melhor dizendo frenética o surgimento dessas bandas bem como o crescimento da popularidade delas (a medida que sua rivalidade aumentava sendo reforçada pela mídia).

A explosão do movimento se deu quando Oasis e Blur resolveram lançar singles no mesmo dia. Os singles “Roll with it” and Country House respectivamente. Tal fato condicionou as duas bandas a uma posição de dominância do mercado  e acabou colocando todas as outras bandas em compasso de espera ao não tomar partido nessa “Batalha do Brit pop”.

O documentário relaciona o britpop com fatores externos(políticos , sociais e culturais) mas o que faz de “Live Forever: The Rise and the Fall Of Brit pop” é a desconstrução do formato documental engessado. O filme traça um panorama do movimento de forma ágil , utilizando elementos visuais e sonoros em abundância. O filme possui  um ritímo, uma energia vibrante  que pulsa sendo muito bem costurado resultando não só em panorama do movimento mas em um filme cheio de energia vibrante.





Os tempos áureos do Britpop acabaram ou só estão renascendo? Está é a pergunta que fica no final desse ótimo documentário que apesar de ser muito bem costurado como falei anteriormente peca por ser inconclusivo e não abordar o movimento inteiramente.