domingo, 13 de abril de 2014

Hoje Eu Quero Voltar Sozinho


O Curta-Metragem “ Eu Não Quero Voltar Sozinho” conquistou tantos fãs pela sua delicadeza, ternura e sensibilidade e tamanho o potencial da história , que o caminho natural é que o inspirador Curta se torna-se um Longa-Metragem.


E foi o que aconteceu, “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho” não é uma continuação do curta, pelo contrário ,ele expande a narrativa recontando-a e tornando a trajetória do adolescente Léo(Guilherme Lobo) em busca de suas descobertas e independência enquanto tenta lidar com suas limitações por ser um deficiente visual muito mais prazerosa e inspiradora de se assistir.


O diretor Daniel Ribeiro soube fazer a transposição e a conversão da história de seu Curta-Metragem de maneira muito bem sucedida, evitando assim que o filme perdesse a qualidade da trama original e principalmente, a sua essência.

Dotado de uma incrível sensibilidade, Ribeiro conduz seu filme com a delicadeza esperada(e necessária). A forma com que as situações se formam na tela é tão natural e genuína que é impossível o espectador não deixar emocionar pela historia.

Como já disse, o diretor aposta na naturalidade e isso engloba tudo mas principalmente na sua forma de dirigir que aposta em uma agilidade de planos muito natural, de forma que as situações são construídas como uma crônica trivial, a sucessão de planos ocorre sem grandes efeitos sonoros,ela simplesmente ocorre , é natural como a vida.

Acho que isso diz muito sobre o trabalho de Daniel Ribeiro, o diretor aborda as questões de forma muito sensível e deixa que as tramas brotem de forma natural.

Natural também é a atmosfera fílmica que o diretor envolve o seu elenco,extraindo assim ótimas interpretações de seus atores, Ribeiro sabendo da preciosidade nas atuações de seu elenco concentra sua câmera em duas posições principais: A espreita quase imperceptível, apenas acompanhando o desenrolar da narrativa e apostando fortemente nos closes e plano-contraplano, o que permite ao diretor extrair a ternura que permeia a narrativa e Ribeiro é extremamente habilidoso na direção de atores captando as feições e nuances genuínas do seu talentoso elenco.

A fotografia é um dos pontos altos do filme, pela forma que engrandece as imagens e eterniza as cenas , conferindo-as uma beleza muito sutil. Apostando em uma luz difusa dosada a uma contraluz , o diretor de fotografia  Pierre de Kerchove encontra o equilíbrio perfeito para eternizar as cenas na memória e no coração de quem assiste.  

Como uma trilha magistral que fica na ponta da língua , a ponto de sair da sala de cinema cantarolando é um elemento narrativo de grande poder pois emana sentimentalismo ao longa.

O Roteiro de Daniel Ribeiro tem muitos atributos, pra começar, o diretor-roteirista constrói uma história totalmente encantadora e inspiradora, segundo, a forma genial com o que o cineasta aborda as temáticas das diferenças, sexualidade , independência e bullying são muito criveis , contribuindo para desmistificar os tabus que infelizmente ainda existem em nossa sociedade e acabar com o preconceito. O fato de Ribeiro não fazer da deficiência de Léo(Guilherme Lobo) o plot principal da narrativa é uma grande evolução, pois mostra que as diferenças são sim uma característica da nossa personalidade mas de forma alguma define quem as pessoas são.

O único porém na transição do curta para o Longa-Metragem foi que a narrativa perdeu um pouco do seu dinamismo que existia no curta, mas nada que prejudique o potencial do filme, pelo contrario é um mero detalhe.


Guilherme Lobo , Fábio Audi e Tess Amorim dão conta da difícil tarefa de “comandar” a narrativa, já que a trama do filme paira sobre os seus personagens, embora no longa, esse triangulo amoroso se torne um quadrilátero com a entrada de Karina(Isabela Guasco).

Guilherme Lobo merece honrarias pela forma com que reconstrói o seu personagem, Léo dando novas nuances aos novos e antigos dilemas que o adolescente enfrenta.

Lobo, Fábio Audi(Gabriel) e Tess Amorim(Giovana) não apenas reconstroem os seus personagens de forma impar, dando vivacidade e esbanjando química cênica mas exaltam sentimentalismo em seu estado puro emocionando o espectador e fazendo do corriqueiro um grande acontecimento.

Dois atores também merecem menções especiais: a Presença luminosa da excepcional atriz Selma Egrei como Maria, a avó do protagonista Léo(Guilherme Lobo) e Eucir de Souza como Carlos, o pai de Léo que incentiva a independência do filho. O ator tem uma performance maravilhosa, terna e graciosa. (emocionante a cena em que Carlos ensina Léo a se barbear, química perfeita).


Daniel Ribeiro conseguiu o seu objetivo. Emocionou, tocou corações ,provocou reflexões com um filme muito simples mas que se torna grandioso em sua simplicidade. Tocando, mágico e encantador “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho” é maravilhoso e nada abalou seu potencial nem a quebra na dinâmica na transição curta-longa. Ouso dizer que a história de Léo e companhia tem potencial pra ainda mais de modo que torço pra uma continuação.


“Hoje Eu Quero Voltar Sozinho” é a perfeita traide entre encanto,magia e sensibilidade e um forte candidato aos melhores filmes do ano. 


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