domingo, 27 de março de 2016

Batman vs Superman: A Origem da Justiça


Uma das coisas que mais me incomodavam nos personagens da DC Comics é que eles eram muito “perfeitos”. Eles não tinham até então, problemáticas reais , erros, defeitos como todos nós. “Em Batman vs Superman: A Origem da Justiça” os personagens são humanizados, tonando-os mais interessante aos olhos do público.

O conceito de moralidade , dos “dois lados de uma mesma moeda” , permeia todo o filme. Bruce Wayne/Batman( Ben Affleck)e Clark Kent/Superman(Henry Cavill) estão de lados opostos com um cada um responsabilizando o outro pelas consequências que seus atos trouxeram para a sociedade. Porém , eles tem uma ameaça em comum:Lex Luthor(Jesse Eisenberg) que pretende usar a Krypitonita de um navio naufragado em seus planos, forçando assim os dois heróis a superarem as diferenças e lutarem juntos pelo bem comum.
O filme pode ser classificado tanto como uma narrativa de grande impacto visual, quando um grande estudo de personagens que fogem do maniqueísmo, desconstruindo uma “perfeição aparente” que costumamos ver nos personagens dos quadrinhos.

Zack Snyder dirige o filme com grandiosidade,destreza e agilidade  impressionantes Dando as sequencias de ação , o impacto , o dinamismo e a força bruta que elas exigem. Tudo na tela parece grandioso- e realmente é.

Com  uma atmosfera densa e soturna, auxiliada é claro, por uma excelente fotografia, o cineasta imprime um clima sombrio e de violência ao longa metragem no qual o realismo cênico das cenas impressiona. Apostado em cenas longas e cortes bruscos.  O resultado é uma narrativa visualmente instigante que impressiona não só pelo retrato sombrio de suas lentes , mas sobretudo pela capacidade de surpreender o público a todo o momento com elementos surpresa de grandiosidade, potencia visual e sonora ao nível máximo. Fazendo os desprevenidos pularem da cadeira a cada ataque inesperado.
 Sim, há destroços, há catástrofes e explosões(observem uma das sequências finais do filme), mas tudo é grandioso mas veromissel, por mais fantástico que o filme possa ser(afinal, estamos falando de super-heróis), o que quero dizer é que todas as sequências do filme, registradas de forma impactante pelo diretor que não economiza em retratar a brutalidade inserida naquele universo de forma ágil.

Por falar em brutalidade, é nos duelos corpo a corpo dos heróis que Snyder , um admirador do culto ao corpo se sai melhor .Nas cenas de luta, comandadas pelo diretor de forma excepcional é que podemos evidenciar não só o impacto da força bruta dos personagens, com duelos de tirar não só o fôlego mas também sangue e faíscas. Lá além de observarmos pela primeira vez a força dos personagens , percebemos também os seus diferentes conceitos de moral. Com um Bruce Wayne /Batman (Ben Affleck) , sanguinário , mas também amargurado e solitário e um Clark Kent/Superman(Henry Cavill) idealista e ético(seguindo sua própria ética, é claro).

Essa questão da moralidade e da ética é uma questão que percorre toda a narrativa. Evidenciando os dois lados , “Batman VS Superman” é um filme de opostos. Opostos esses muito bem caracterizados por Snyder na sua competente forma de dirigir , evidenciados pela montagem eficiente, imprimidos pela competente dupla de roteiristas Chris Terrio e David S. Goyer e defendidos por Affleck e Cavill de forma competente e verdadeira.

Mas os heróis desse filme, são personagens em camadas. Como se Batman e Superman fossem só mais uma das muitas personas de Bruce Wayne e Clark Kent. O Wayne impressionante de Affleck é sim um sanguinário, sim um milionário solitário com uma certa amargura, alguém que só no Mordomo Alfred de um Jeremy Irons seguro e inspirado confia. Bruce é um milionário amargo, solitário que começa a repensar as consequências mesmo que indiretas dos seus 20 anos de atuação como o homem-morcego de Gothan. Mas também é um milionário que sabe aproveita as boas coisas da vida, galanteador, principalmente diante da misteriosa Diana Principe(Gal Gadot). Affleck calou lindamente a boca dos hatters que protestaram contra sua escalação como o homem-morcego, construindo um personagem cheio de nuances e narrativamente mais interessante que o Superman da Cavill. Louco pra ver ele no filme solo do Batman que ele vai atuar, dirigir e escrever o roteiro. Além de bom ator, Aflleck é um talentoso roteirista e diretor(vide “Gênio Indomável” e “Argo”).

Jeremy Irons como o Mordomo e confidente Alfred , sábio para aconselhar Bruce/Batman mas estrategista e inteligente o suficiente para tomar o comando da ação quando necessário, e a bela e destemida jornalista Lois Lane de Amy Adams funcionam como a consciência de Batman e Superman respectivamente, os levando a refletir sobre as consequências de suas ações, sejam elas boas ou ruins. O Único personagem que não apresenta uma “outra face” é Lex Luthor , o maníaco inimigo do Super-homem e do Batmam por tabela. O Personagem não possui uma “outra face”, o que não quer dizer que o Vilão defendido por Jesse Eisenberg de forma brilhante não tenha camadas. Só que a sua loucura e insanidade está presente ali a todo o momento, desde o inicio. O Personagem não tenta esconde-la com uma outra persona, pelo contrário mostra ela a todo o custo, o que garante alguns dos melhores momentos de humor do longa metragem. Sua personalidade louca e insana só se agrava ao longo do filme até seu clímax.

No fim , Zack Snyder e sua equipe e elenco fizeram de “Batman VS Superman: A Origem da Justiça”, um filme bom , muito bom. Visualmente,tecnicamente e narrativamente falando. Só senti falta de duas coisas: A edição poderia ter um pouco mais de dinamismo, isso teria tornado o filme ainda mais empolgante do que já é. Mas a bela direção de Snyder faz esse trabalho com maestria , mas não custava nada uma ajudinha né? E de uma cena pós créditos. Mas a falta dela é proposital. Para aumentar nossa ansiedade para o filme da Liga da Justiça.